Páginas

sábado, 11 de maio de 2013

Salve Jorge ganha ritmo nas semanas finais. Antes tarde do que nunca…


Lívia (Cláudia Raia) e Morena (Nanda Costa)
Falta apenas uma semana para Salve Jorge acabar. E só agora a novela realmente engrenou. A trama ganhou mais consistência e alguns atores finalmente tiveram o que fazer na história. Mesmo assim sobraram absurdos para a alegria de quem adora odiar a novela. Particularmente, curti demais a surra que Morena (Nanda Costa) deu em Lívia Marini (Cláudia Raia), por mais difícil que seja imaginar a traficada nanica batendo numa cavalona daquelas. Mas toda a sequência foi muito bem estruturada para isso. Morena foi dissimulada, pegou a rival de surpresa, metendo a cabeça dela no seu joelho. Só isso já faria qualquer um perder boa parte de sua energia. E, a partir daí, começou uma sucessão de tabefes muito bem dados, com elas se arrastando naquele chão molhado como duas feras.
Fora que o ódio de Morena pela vilã realmente era bem justificado, já que Lívia foi a responsável por seu tráfico para a Turquia, matou Jéssica (Carolina Dieckmann), transou com Théo (Rodrigo Lombardi) e mandou o capitão à rua para flagra-lá se prostituindo! Não é brinquedo, não! Cláudia Raia arrasou, transbordando tido o ódio e a humilhação sofrida por Lívia. O rosto desfigurado da atriz denunciava toda a fúria daquela fera ferida. Nanda ficou num segundo plano honroso e também fez bonito. Mas a jovem se saiu melhor no confronto com Théo, quando Morena finalmente confessou todo o seu sofrimento para o militar. Foi uma cena muito bonita e Rodrigo aproveitou cada segundo que teve para brilhar, já que passou a novela inteira praticamente em branco.
Aisha ( Dani Moreno ) e Delzuite ( Solange Badim )
Outra cena que deu o que falar foi a reação de Aisha (Dani Moreno) ao descobrir que sua família biológica eram os “alegres” moradores do Morro do Alemão. A revolta do público nas redes social foi furiosa e compreensível: que merda de garota prefere ter uma mãe bandida a uma mãe favelada? Ouvi esse questionamento, inclusive de uma pessoa que já havia afirmado que preferia ter um filho bandido a um filho gay. Estranho né? A inversão de valores domina cada vez mais nesse país…
Só que, no caso de Aisha, o buraco é bem mais embaixo e Glória Perez abordou isso com bastante inteligência. O problema ali não foi uma o fato de uma mãe ser bandida e a outra, favelada. E sim o gigantesco choque cultural sofrido pela turca. Wanda (Totia Meirelles) já era uma pessoa conhecido pela Aisha, tinha um nível social e cultural semelhante ao da garota e, apesar de estar sendo acusada de falsidade ideológica (naquele caso era basicamente isso), a megera era realmente uma pessoa muito mais fácil para a jovem se reconhecer. E isso era tudo o que Aisha buscou a vida toda (de forma obsessiva e até doentia, diga-se de passagem): encontrar a mãe biológica, se reconhecer nela e descobrir de onde veio. E foi muito mais tranquilo para ela cumprir essas etapas com a Wanda do que com Delzuite, uma criatura completamente oposta a ela, sem um pingo de traquejo social e que sequer consegue pronunciar o nome dela. O que foi ridículo. Se moça ainda se chamasse Ahlam, Amtullah ou Areebah, tudo bem! Mas Aisha? Fala sério, forçaram demais a barra!
De qualquer maneira esse estranhamento cultural foi muito compreensível. A informalidade típica dos brasileiros – e elevada a potêncial máxima pela novela – assusta de verdade a quem vem de fora. O povo norte-americano, por exemplo, quase pula para trás toda vez que um brasileiro quer abraça-lo… Mas, aos poucos, Aisha vai descobrir que sob todas essas diferenças culturais existem sentimentos sinceros e que sua família escandalosa é especialista em todos eles. E essa descoberta ajudará Aisha a achar pontos em comum com eles e irá facilitar na adaptação de todos. É como dizia minha avó: “Nada melhor do que o tempo para curar as dores e responder as dúvidas do oração!”.
A novata Dani Moreno tem nas mãos uma personagem complicada, chatinha e até antipática, mas mostra uma maturidade surpreendente para desenvolver tantos sentimentos contraditórios que ela vive. Solange Badim é outra bela revelação de Salve Jorge. Nas ultimas semanas ela conseguiu humanizar a Delzuite, sem deixar de lado o jeitão explosivo e barraqueiro da costureira. A forma como ela olha para Aisha, com um carinho transbordando de ansiedade, medo e curiosidade é coisa que só uma grande atriz sabe fazer. Salve Jorge tem problemas sim, mas quando a direção preguiçosa da novela não atrapalha, Gloria Perez sabe fazer bonito! Antes tarde do que nunca!

Nenhum comentário:

Postar um comentário