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sábado, 11 de maio de 2013

Sangue Bom traz vibração e sangue jovem para a tela!


Humberto Carrão, Fernanda Vasconcellos, Isabelle Drummond, Jayme Matarazzo, Sophie Charlotte e Marco Pigossi
Humberto Carrão, Fernanda Vasconcellos, Isabelle Drummond, Jayme Matarazzo, Sophie Charlotte e Marco Pigossi
Que fique bem claro: aprecio profundamente a experiência, a tradição e amo filmes antigos, de preferência, em preto e branco! Muitas das obras dos anos 1930 e 1940, que costumo assistir, são moderníssimas. Ou seja: boas produções não estão relacionadas ao tempo ou à idade de quem as realiza e sim à qualidade. Talvez, por isso, Guerra dos Sexos nunca tenha me empolgado e Sangue Bom me conquistou logo de cara. A trama de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari transpira vibração e desejo de inovar. Traz sangue jovem e quente para a tela, sem abrir mão de características do bom e velho folhetim. Depois de meses aturando o mofo e o conservadorismo de Guerra dos Sexos, essa “juventude” de ideias e propostas sempre é muito bem vinda.
Confesso que uma novela ter seis protagonistas me angustia um pouco. Os autores terão muito trabalho em desenvolver de forma igual – sem ninguém ficar prejudicado – tantos papeis principais. Por enquanto, Bento (Marco Pigossi) e Amora (Sophie Charlotte) saíram na frente. A história do amor de infância do casal vem sendo muito bem desenvolvida e os dois atores estão arrebentando. Num segundo plano, estão Isabelle Drummond e Fernanda Vasconcellos, como duas sofredoras por amarem quem não as ama: a primeira como a masculinizada Giane, que gosta de Bento, que, por sua vez, nunca esqueceu Amora. E Fernanda na pele da doce Malu, moça apaixonada por Maurício (Jayme Matarazzo), o noivo de sua irmã de criação, Amora. Aliás, só da Amora nessa novela… Isabelle e Fernanda também se saem bem. Isabelle só precisa conter um certo exagero na construção de sua personagem e, Fernanda, deve urgentemente se arriscar em tipos diferentes de personagem. Ela é uma ótima atriz, mas anda se repetindo demais. Humberto Carrão está no sentido oposto de sua colega. Depois de viver vários mocinhos seguidos, ele tem nas mãos um sujeito ambicioso e sem caráter como o Fabinho. E Humberto está dando um show. Já Jayme Matarazzo ainda não disse ao que veio, mas tem talento suficiente para fazer o sensato Maurício se destacar.
Fora os protagonistas, já deu para perceber que Giulia Gam irá roubar todas as cenas como a destrambelhada Bárbara Ellen, uma atriz decadente e capaz de fazer qualquer coisa para se manter na mídia. Giulia tem conseguido dosar o histrionismo de sua personagem, sem deixa-la cair na caricatura. Nunca fui lá muito fã de Marisa Orth, mas tenho dado boas gargalhadas com sua Damaris. A perua parece estar sempre à beira de um ataque de nervos e sua cara de abolhada é engracadissima.
Muito boas também as participações de Letícia Sabatella (Verônica), Herson Capri (Plínio), Regiane Alves (Renata), Yoná Magalhães (Glória), Letícia Isnard (Brenda), Joaquim Lopes (Lucindo), Tuna Dwek (Sueli Pedrosa), Carolinie Figueiredo (Júlia) e Ellen Roche, surpreendendo como Brunetty, a Mulher Mangaba.
Bruno Garcia e Ingrid Guimarães fazem o mais do mesmo e Malu Mader parece perdida como a batalhadora Rosemere. Do sotaque paulistano nada convincente ao exagero da atuação, a atriz deixa claro, mais uma vez, toda a limitação de seu talento dramático. Mas ninguém é pior do que Josafá Filho. Na pele de Filipinho, o rapaz não acertou uma ainda e desfila um artificialismo irritante pela telinha. Não curti nem um pouco também a rave que se transformou a manifestação contra um empreendimento imobiliário, que apagou (no computador) a quadra de uma escola de samba da região. Tanto o motivo pela revolta popular, quanto a realização da mesma, foram absolutamente ridículos!
Outro ponto negativo da história é a excessiva semelhança entre o visual do núcleo da Zona Norte de São Paulo, com o saudoso bairro do Borralho, de Cheias de Charme (2012). Até grafiteiros as duas tramas têm e Sérgio Malheiros vive papeis semelhantes em ambas as produções – Jonas, em na atual, e Niltinho, em Cheias de Charme. A abertura é bem bonitinha e os recursos gráficos que ligam as cenas também agradam. Mas Sangue Bom está apenas começando e tem muita estrada pela frente. Vamos ver aonde ela vai dar!

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