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terça-feira, 26 de junho de 2012


"Prometheus" tenta ser filosófico, mas acaba em paródia de "Alien – O 8º Passageiro"

Os protagonistas de Prometheus vão em busca de respostas sobre a criação da humanidadeOs protagonistas de Prometheus vão em busca de respostas sobre a criação da humanidade

O enredo de "Prometheus" tem tudo para agradar aos que não tiveram a oportunidade de assistir a "Alien – O 8º Passageiro", clássico da ficção científica que completou 33 anos em maio de 2012. Quem já assistiu ao filme, no entanto, corre sério risco de ficar entediado com o retorno do diretor britânico Ridley Scott a uma de suas obras-primas.

viagem começa bem, com uma série de enigmas a desvendar sobre a origem da humanidade, seu propósito e o que acontece depois da morte, mas a filosofia se perde em meio a imagens avassaladoras que parecem ter sido criadas apenas para inebriar quem vê o filme em 3D. "Prometheus" então descamba para uma paródia do original, com inúmers criaturas gosmentas e aliens exercendo domínio sobre o frágil corpo humano – sem dúvida, a melhor ideia de Scott, nascida já em 1979.

Sim, é bom ficar novamente aterrorizado por seres nojentos que se enfiam goela abaixo ou nascem de ventres humanos, mas o resultado final é constrangedor. No fundo, "Prometheus" é incapaz de sustentar sua ideia principal e não faz mais do que recriar clichês da ficção científica, caindo no vício de contrapor fé e razão e de preparar o terreno para uma continuação.

Michael Fassbender como o androide David. Ele é uma boa surpresa do filmeMichael Fassbender como o androide David. Ele é uma boa surpresa do filme
O enredo
Prometheus é o nome de uma nave que, em 2093, aterrisa na lua LV-223, após os arqueólogos Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e Charlie Holloway (Logan Marshall-Green)encontrarem uma série de símbolos similares produzidos por civilizações ancestrais ao longo dos milênios. Eles interpretam essas gravuras como um mapa para o local onde estariam guardados todos os segredos sobre a criação da humanidade e onde viveriam os engenheiros responsáveis pela obra. 

Uma empresa comandada pela pragmática Meredith Vickers (Charlize Theron) e por um homem de fé em busca da vida eterna chamado Peter Weyland (Guy Pearce) decide financiar a expedição ao espaço, que conta com uma trupe de cientistas e com o androide David (Michael Fassbender), responsável por acordar a tripulação do sono criogênico e por outras missões que não convém revelar.

Ao lado de Noomi Rapace, Fassbender é uma boa surpresa do filme, com uma interpretação crível de um androide, por mais que isso soe estranho. Com frases aprendidas em filmes clássicos e sem a influência nociva das emoções, ele ridiculariza a mania humana de se considerar especial e de acreditar numa espécie de milagre da criação. 

A Elizabeth Shaw de Rapace, por outro lado, é sensível e acredita que há respostas para todas as perguntas, numa ingenuidade quase infantil.  No entanto, ela acaba se revelando uma mulher forte e quase indestrutível que em muito lembra Sigourney Weaver, a musa de Scott em "Alien, o 8º Passageiro". 

É mais do mesmo. Mesmo.

Noomi Rapace, a Lisbeth Salander da versão sueca de Os Homens que Não Amavam as Mulheres. Ela manda muito bem em PrometheusNoomi Rapace, a Lisbeth Salander da versão sueca de Os Homens que Não Amavam as Mulheres. Ela manda muito bem em Prometheus

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