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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Primeiro Capitulo de Escrupulos



Mais um dia nascia o sol na cidade de Solus. Ela era mais conhecida como  Sombra Negra. Ganhou este apelido por conta dos diversos crimes famosos.
 Aquele era apenas mais um de muitos que Marlon iria ter que aguentar as humilhações de seus “colegas” de classe. Esse não era um dia como os outros.
Marlon levantou cedinho para ir ao local mais traumático de sua vida. Ia percorrendo as ruas, cerca de 2km, de cabeça baixa pensando nos dias em que foi derrotado psicologicamente por aquelas pessoas. Ele até sorriu lembrando que aquele era seu último dia naquela escola.
Ele era um jovem “diferente” dos outros. Ele não vivia para ser o centro das atenções e nem para se destacar pela sua inteligência. Ele é calmo, dotado de escrúpulos e era taxado de “o esquisito”.
Chegando perto da escola, ele deparou com um grupo de jovens:
- Olha aí quem chegou, galera! O esquisitão. – falou Maurício.
- O que vocês querem comigo? Eu nunca fiz nada pra vocês! – dispara Marlon.
- Queremos que você desapareça desse mundo. – falou Rogério. 
- Você não é ninguém, apenas um Zé-mané. – falou Mateus.
- Parem, não agüento mais! Todos os dias tenho que agüentar vocês. – fala Marlon quase aos prantos.
- Ai! A mocinha ta chorando! – disse Tiago.
Todos começaram a rir.
- É por isso que eu nunca vou me apaixonar por um otário como você. – disse Madalena.
- Eu te amo Madalena, todas as noites sonho com você...- diz Marlon com ternura recordando seus sonhos.
- Eu te desprezo, seu babaca! Vê se cresce e muda, palhaço.- Madalena profere essa palavras agarrada com Rogério.- Ele sim que é um homem de verdade.
Rogério pega na camisa de Marlon e deixa ele suspenso no ar.
- Você quer ela, manézão? Mas sou eu quem tenho ela na minha cama.
- Me solte! Me deixe ir para a escola. -disse Marlon.
- Você vai se divertir tanto nesse nossa despedida, que nunca vai esquecer dos nossos rostos.- argumenta Maurício.
Nesse momentos todos riem novamente e Marlon é levado para um beco sem saída.
Aquele era o beco Manuel Afonso, mais conhecido como beco mortal, pois quem entrava nele acompanhado, um tinha que morrer. No meio do sol escaldante, Marlon foi arrastado pelo chão. Passou por lama, barro e ruas esburacadas. Chegando lá, Marlon todo ensangüentado foi amarrado por Mauíicio.
- Agora seu anormal, você vai ser o nosso brinquedinho. – fala Maurício com muita satisfação no olhos.
- O que vocês irão fazer comigo? Já não basta ser arrastado pelas ruas?– com lágrimas nos olhos, falava Marlon.
- Calma, não vamos lhe matar. Afinal, não queremos ir para a cadeia por causa de um nada como você. – profere Rogério.
- Quem quer começar brincar com o espantalho aqui? – pergunta Maurício.
Enquanto eles brigavam para saber quem seria o primeiro, Marlon ficava calado com lágrimas derramadas em seu rosto. Na sua cabeça, passavam várias cenas. Ele refletia: “ Será que valeu a pena ter tantos escrúpulos?”, “ Será que se eu fosse diferente, tudo mudaria?”.
Todos nós sabemos que a sociedade é hipócrita. A própria opinião sobre certos assuntos, são omitidos. Aquele que vai remando com a maré, é que irá sobreviver. Hoje mentir não é mais um pecado, mas sim uma virtude.
Aquele lugar era frio ,apesar do sol forte, tinha sido cenário de vários crimes e agora ganharia mais um diploma por ser novamente testemunha de uma atrocidade. Um crime não é apenas aquele que fere fisicamente uma pessoa. A pressão psicologia que aquele rapaz sofria era exemplo de um crime cruel e desonesto. 
- Por que vocês vivem me humilhando? – indaga Marlon.
- Porque você é um ET. Um estúpido. Um otário. E também necessitávamos de uma pessoa que nem você, para brincar. – falou Maurício.
- Adoramos brincar com você, iremos sentir tanto a sua falta. Que pena que vamos maltratar o meu ADMIRADOR . – disse Madalena. – Morro de rir quando me lembro das cartas que você me mandava, quase chorava...de tanto rir daquelas besteiras que tu escrevia. Lembra quando você se declarou na sala? Quase morro de vergonha. Imagina eu do lado de um “DO-EN-TE” como tu.
- Você significa tanto para mim que sou capaz...- disse Marlon
Rogério não deixou Marlon acabar e foi logo dando um soco. A boca de Marlon já esta toda repleta de sangue.
- Chega! Cale essa boca de sapo. – disse Rogério irritado.
- Está aberto o parque de diversão. – falou ironicamente Maurício.
- Calma, vamos conversar.- disse assustado Marlon.
- Claro, essa conversa será bastante proveitosa. Nós conversamos usando as mãos e você responde gemendo.- disse Tiago.
Nesse momento todos do grupo riram e cada vez mais Marlon ia se apavorando.
- Você deseja declarar algo antes que não possa falar mais?
- Não acredito que vocês me odeie tanto...nunca fiz nada de mal pra vocês...minha vida sempre foi de lágrimas... não desejava ser assim não...não tenho a NORMALIDADE de vocês, não é assim que vocês acham? – falou Marlon soluçando em lágrimas.
- Acabou o discurso melancólico?- falou Rogério.
Marlon apenas confirmou com a cabeça.
- Então quem vai começar a jogar?
Antes que alguém respondesse, todos ouviram rastro de passos. Todos, menos Marlon, ficaram com medo de que fosse algum guarda ou um policial.
- Quem será? – perguntou Madalena.
- Cale a boca e escute!
E de repente...
- Você? –falou Tiago surpreso.

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